segunda-feira, 23 de maio de 2011

Rota da seda

A Rota da Seda (chinês tradicional: 絲綢之路; chinês simples: 丝绸之路; pinyin: sī chóu zhī lù, persa راه ابریشم; Râh-e Abrisham, turco: İpekyolu, quirguiz: Jibek Jolu) era uma série de rotas interconectadas através da Ásia do Sul, usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Eram transpostas por caravanas e embarcações oceânicas que ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa, provavelmente estabelecidas a partir do oitavo milénio a.C. – os antigos povos do Saara possuíam animais domésticos provenientes da Ásia – e foram fundamentais para as trocas entre estes continentes até à descoberta do caminho marítimo para a Índia. Conectava Chang'an (atual Xi'an) na China até Antioquia na Ásia Menor, assim como a outros locais. Sua influência expandiu-se até a Coréia e o Japão. Formava a maior rede comercial do Mundo Antigo.
Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno. Rota da seda é uma tradução do alemão Seidenstraße, a primeira denominação do caminho feita pelo geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen no século XIX.
A rota da seda continental divide-se em rotas do norte e do sul, devido à presença de centros comerciais no norte e no sul da China. A rota norte atravessa o Leste Europeu (os mercadores criaram algumas cidades na Bulgária), a península da Criméia, o mar Negro, o mar de Mármara, chegando aos Bálcãs e por fim, a Veneza; a rota sul percorre o Turcomenistão, a Mesopotâmia e a Anatólia. Chegando a este ponto, divide-se em rotas que levam à Antioquia (na Anatólia meridional, banhada pelo Mediterrâneo) ou ao Egito e ao Norte da África.
A última estrada de ferro conectada à rota da seda contemporânea foi completada em 1992, quando a via Almaty-Urumqi foi aberta.
A rota da seda marítima estende-se da China meridional (atualmente Filipinas, Brunei, Sião e Malaca) até destinos como o Ceilão, Índia, Pérsia, Egito, Itália, Portugal e até a Suécia. Em 7 de agosto de 2005, foi confirmado que o Departamento do Patrimônio Histórico de Hong Kong pretende propor a Rota da Seda Marítima como Patrimônio da Humanidade.
Muitas caravanas já seguiram essa rota antiga desde 200 a.C. No passado remoto, os chineses aprenderam a fabricar seda a partir da fibra branca dos casulos dos bichos-da-seda. Só os chineses sabiam como fabricá-la e mantinham esse segredo muito bem guardado. Quando eles fizeram contato com as cidades do Ocidente, encontraram pessoas dispostas a pagar muito caro pela seda.
Os dois lados da rota aprenderam muito sobre culturas diferentes das suas, e isso expandiu suas ideias sobre o mundo.
O viajante veneziano Marco Polo percorreu a Rota da Seda no século XIII


Origens

Viagem continental

Quando as técnicas da navegação e da domesticação de bestas de carga foram assimiladas pelo Mundo Antigo, a sua capacidade de transporte de grandes cargas por longas distâncias foi muito melhorada, possibilitando o intercâmbio de culturas e uma maior rapidez no comércio. Por exemplo, a navegação no Egito pré-dinástico só foi estabelecida no século IV a.C., período em que a domesticação do burro e do dromedário começaram a ser instituídas. A domesticação do camelo bactriano e o uso do cavalo como meio de transporte foram feitas em seguida.
Como as rotas náuticas provêm um meio fácil de transporte entre longas distâncias, largos terrenos do interior como as planícies, que permanecem longe do litoral, não se desenvolveram como as rotas costeiras. Em compensação, dispõem de terreno fértil para pastos e água em abundância para as caravanas. Estes terrenos permitem a passagem de caravanas, mercadores e exércitos sem precisar envolver-se com povos sedentários, além de fornecer terras para a agricultura. Da mesma forma, também os nômades preferem não ter que atravessar longos descampados.
Enquanto isto, cargas, especiarias e idéias religiosas eram propagadas por todos os cantos, contrapondo a idéia antiga da troca que, provavelmente, conduzia-se somente por uma rota pré-determinada. É improvável que a rota da seda fosse transcorrida somente por terra, visto que percorre a África, a Europa, o Cáucaso e a China.

 Transporte antigo

Os povos antigos do Saara já haviam importado animais domesticados da Ásia entre 7500 a.C. e 4000 a.C.. Artefatos datados do 5º milênio a.C., encontrados em sítios bádaros do Egito pré-dinástico indicam contato com lugares distantes, como a Síria. Desde o começo do 4º milênio a.C., egípcios antigos de Maadi importam cerâmica e conceitos de construção dos Cananeus.
O comércio de lápis lazuli provém da única fonte conhecida no mundo antigo, Badakshan, localizada no noroeste do Afeganistão, localidade distante das grandes culturas, com a Mesopotâmia e o Egito. A partir do 3º milênio a.C., o comércio do lápis lazuli foi estendido até Harappa e Mohenjo-daro, ambos no Vale do Indo.
Pensa-se que tenham sido usadas rotas que acompanhavam a Estrada Real Persa (construída por volta do ano 500 a.C.) desde 3500 a.C.. Existem evidências de que exploradores do Antigo Egito podem ter aberto e protegido novas ramificações da rota da seda. Entre 1979 e 1985, amostras de carvão vegetal foram encontradas nas tumbas de Nekhen, onde eram datadas dos períodos Naqada I e II, identificadas como cedro-do-líbano, originário do Líbano.
Em 1994, escavadores descobriram fragmentos de cerâmica gravada com o símbolo serekh de Naramer, datando do milênio 3000 a.C.. Estudos mineralógicos revelaram que os fragmentos pertenciam a uma jarra de vinho exportado do Vale do Nilo até Israel.

 Comércio marítimo egípcio

A pedra de Palermo menciona o rei Sneferu da quarta dinastia do Egito enviando navios para importar cedro de alta qualidade no Líbano. Em uma cena no interior da pirâmide do faraó Sahuré, da quinta dinastia, os egípcios surgem retornando com grossos troncos de cedro. O nome de Sahuré é encontrado estampado numa pequena peça de ouro numa cadeira libanesa, e foram encontrados cartuchos da quinta dinastia em recipientes libaneses de pedra; outras cenas em seu templo mostram ursos sírios. A pedra de Palermo também menciona expedições ao Sinai assim como mina de diorita ao noroeste de Abu Simbel.
A mais antiga expedição de que há registo à Terra de Punt foi organizada por Sahuré, aparentemente a procura de mirra, assim como malaquita e electrum. O faraó da décima-segunda Dinastia do Egito, Senuseret III, fez um "Canal de Suez" antigo, ligando o rio Nilo ao mar Vermelho, para a troca direta com Punt. Por volta de 1950 a.C., no reino de Mentuhotep III, um oficial chamado Hennu fez algumas viagens a Punt. Foi conduzida uma expedição muito famosa por Nehsi e pela rainha Hatchepsut a Punt, realizada no século XV a.C., com o intuito de obter mirra; um relato da viagem sobrevive em um pedido de socorro localizado no templo funerário de Hatshetup, em Deir el-Bahari. Muitos de seus sucessores, incluindo Tutmés III, também organizaram viagens a Punt.

 Estanho britânico

A Grã-Bretanha possui grandes reservas de estanho nas regiões da Cornualha e de Devon, no sudoeste da Inglaterra. Por volta de 1600 a.C., o sudoeste da Bretanha experimentou uma explosão comercial, onde o estanho britânico era comercializado por boa parte da Europa (veja também Bretanha pré-histórica). Quando a era do Bronze substituiu a era do Ferro, a navegação baseada em peças de estanho (concentrada no Mediterrâneo) declinou entre 1200 a.C. e 1100 a.C.. No entanto, não foi encontrada nenhuma rota terrestre entre a Bretanha antiga e as civilizações do Mediterrâneo.

 

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